Tuesday, May 15, 2012

SERÁ QUE ESTÁ NO HERMITAGE?









Que eu saiba, existem em Portugal dois exemplares desta litografia. Uma na Fundação das Casas de Fronteira e Alorna e outra na Biblioteca Nacional. Trata-se da reprodução de um quadro de Steuben - Barão Charles Auguste Guillaume Steuben, (1788 – 1856). Nada se diz, porém, sobre o paradeiro da pintura original.
Depois de 1917 o palácio da família Stroganoff em S. Petersburgo foi transformado em museu, vindo a ser fechado em 1920 e o recheio distribuído pelo Hermitage, o Museu Pushkin de Belas Artes em Moscovo e outros. Nos anos trinta, uma parte da colecção foi vendida no ocidente. Foi assim que o quadro “Jeremias lamentando a destruição de Jerusalém” de Rembrandt, por exemplo, pertence hoje ao Rijksmuseum de Amsterdam.
Não creio que o retrato de Juliana fosse a peça de arte ideal para reforçar com o produto da sua venda os exauridos cofres do camarada Staline. Por isso, se pura e simplesmente não se perdeu, é possível que esteja nos depósitos de um dos referidos museus.
Por mim, ainda que a ganhar pó em algum recanto das reservas, preferia que fosse o  Hermitage a guardar o retrato daquela que tantas vezes recebera, em vida, nos seus esplendorosos salões.  


Monday, April 30, 2012

ALEGRIAS E SURPRESAS DA INVESTIGAÇÃO

No último sábado estive na Feira do Livro e aconteceu-me um episódio que passo a contar e que mais uma vez me provou que uma investigação biográfica está sempre em aberto.
Voltemos atrás no tempo.
Nos anos 50 do século passado Ângelo Pereira publicou no seu livro “D. João VI, Príncipe e Rei” (p.211) uma longa carta de Juliana para a irmã Luisa, que por minha vez reproduzi parcialmente em “Juliana, Condessa Stroganoff”. Pertencia segundo aquele autor à sua colecção.
Durante mais de cinquenta anos nada se soube do paradeiro dessa carta (e de muitos outros documentos que A.P. reproduziu). Há uns quantos meses soube que tinha sido vendida em leilão. Qual não foi a minha surpresa quando o actual proprietário, um iluminado coleccionador, teve a simpatia de se me dirigir na Feira do Livro informando-me da sua existência. Fiquei emocionado e agradecido. Mas havia mais surpresas.
Ele tinha ainda outra carta de Juliana. E o texto desta, datada de S. Petersburgo em 10 de Novembro de 1839, era-me completamente desconhecido. É uma carta pesarosa, escrita depois de ter sabido a notícia, que durante algum tempo lhe tinha sido escondiada, da morte de sua  Mãe, a Marquesa de Alorna.
“Sofro em mim e sofro dobrado nas manas”, escreveu então Juliana.
A sua dor, coitada, transformou-se para mim em surpresa e alegria, circunstâncias que fazem da investigação uma actividade tão exaltante.


Sunday, April 15, 2012

TODOS OS MEUS LIVROS NA LIVRARIA IDEAL
Estou agradecido ao João Paulo Sacadura não só por me ter escolhido para a Livraria Ideal mas porque é um profissional que sabe fazer o trabalho de casa.



Wednesday, April 04, 2012

OS AZULEJOS DO SALÃO POMPEIA



“Entre os mais notáveis núcleos de azulejaria que se conservam em Lisboa, destaca-se aquele que enriquece o antigo palácio dos Saldanhas, à Junqueira”.
Assim o disse João Miguel dos Santos Simões (1907-1972), especialista e primeiro director do Museu do Azulejo num estudo que publicou na Revista e Boletim da Academia Nacional de Belas Artes, 2ª série, nº 1, de 1948.
Durante muitos anos esses azulejos cairam no esquecimento nacional e foram mais conhecidos na Holanda do que dentro das nossas fronteiras.
Graças à actual Direcção do Arquivo Histórico Ultramarino, que se encontra instalado naquele palácio, são agora mais conhecidos.
Trata-se de azulejos provenientes de Delft na Holanda, pintados à volta de 1715 por um artista famoso, Cornelis Boumeester. Cada um representa uma cidade europeia de grande importância comercial, naquela época: Londres, Roterdão, Antuérpia, Midelburgo, Hamburgo, Colónia, Veneza e finalmente uma, da qual muitos na Europa de hoje nem querem ouvir falar, Constantinopla.
No mundo, em museus, mãos particulares e no palácio de Rambouillet existem não mais de vinte cinco painéis de Boumeester. Nenhum com vistas de cidades como os da Junqueira!
O nível artístico é superior e o rigor e fidelidade da reprodução dos edifícios, baseada em gravuras raríssimas do século XVII, transformam estes painéis em testemunhos iconográficos e históricos de um valor incalculável.
É na sala onde se encontram, o salão Pompeia, nome que alude aos frescos a imitar pinturas murais daquela cidade do Vesúvio, que decorrerá o lançamento do livro “Juliana, Condessa Stroganoff”. A escolha deve-se ao facto de ela ali ter vivido os tempos que antecederam a sua saída de Portugal.

Monday, April 02, 2012

É BOM OUVIR FALAR DELA
http://vida-maravilha.blogspot.pt/2012/03/bem-aventurada-filha-da-marquesa-de.html
Com a devida vénia e agradecimento ao blogue Vida - Maravilha

Sunday, March 25, 2012

ONDE ESTÁ ESTE RETRATO?
Foi pintado em 1818 por Jean-Baptiste Isabey (1767 - 1855) e reproduzido em 1803 no livro editado pelo Grão Duque Nicolai Michailovich, "Portraits Russes du XVIII et XIX siècles". Juliana, com o seu nome russo de Julie Petrovna Stroganov, surge numa página junto dos seus enteados Valentin e Sergei e da mulher deste, Natália.
Que eu saiba, é a única reprodução deste quadro. Onde estará o original?

Tuesday, March 20, 2012


TÁVORA – ALORNA – OYENHAUSEN – FONTEIRA
Esta sequência dá direito a muitas confusões.
Afinal onde pára Juliana no meio de todos estes nomes?
Este esquema dá uma ideia para nos orientar.

1.       A avó materna de Juliana era filha dos sentenciados marqueses de Távora.
2.       O avô era o 2º marquês de Alorna.
3.       A mãe casou com um alemão, Conde de Oyenhausen e usou este título até conseguir a reabilitação póstuma do seu irmão Pedro, o 3º marquês de Alorna, o “último Távora”. Nessa altura passou a usar o título de marquesa de Alorna (4ª na sequência).
4.       A irmã mais velha de Juliana, Leonor (nome tradicional das mulheres Távoras), casou com o marquês de Fronteira. Não havendo mais descendência masculina foi o filho mais velho deste casamento que continuou na posse destes títulos: Távora, Alorna, Oyenhausen e Fronteira.

Monday, March 19, 2012

UM SONETO DA MARQUESA DE ALORNA
Este soneto foi mais recentemente republicado por Vanda Anastásio em "Sonetos da Marquesa de Alorna" e está reproduzido no livro "Juliana Condessa de Stroganoff" no contexto biográfico.
Veremos se concordam com a minha interpretação!

Sunday, March 18, 2012


A VERDADEIRA HISTÓRIA DO “BIFE STROGANOFF”
Aqueles que, por uma razão ou por outra, são mais dados aos temas de culinária serão levados até Juliana por causa do bife.
Para esses e para todos os interessados aqui vai a verdadeira e simples história que nada tem a ver com velhos desdentados e outras fantasias assim como o bife não é bife mas “boeuf”. Aqui está tal como a contou Tatiana Metternich autora de “Les Stroganoff”, um dos muitos livros que consultei durante a investigação.
“Les chefs cuisiniers des grandes maisons de Saint-Petersbourg avaient constitué un club où ils se reunissaient et remettaient un prix pour des créations culinaires. A l’une de ces réunions, le chef cuisinier des Stroganoff présenta un plat, le fameux «boeuf Stroganoff».
Le comte Serge Alexandrovitch (1852 -1923, bisneto do Grigory Alexandrovitch que vão conhecer no livro) en fournit la recette au chef de chez Maxim’s à Paris »


A autora acrescenta com certa tristeza : « Hors de Russie, il semble souvent que ce soit la seule réalisation pour laquelle cette famille illustre soit connue, preuve s’il en fut de la vanité de l’effort humain».
Uma coisa também é certa. O Estrogonoff de perú que por aí se oferece, sobretudo depois da visita da Troika, nada terá a ver com o «boeuf Stroganoff» de que nos fala esta senhora.
Resta-nos imaginar.

Friday, March 16, 2012

SAUDADES DE JULIANA

Dias atrás falei de viagem ou viagens à Rússia e anunciei uma para breve. Aqui está agora a grande viagem de JULIANA. Durante dois anos acompanhei-a por essa Europa fora até chegarmos a S. Petersburgo a grande capital do norte que depois percorri com ela. Rebusquei-lhe a vida em cartas, arquivos, quadros, livros de memórias de pessoas de que eu nunca tinha ouvido falar. Agora sim, já sei quem ela foi e vou dá-la a conhecer e à sua maravilhosa história. Porque o livro está pronto, vai para as livrarias no fim do mês.
Eu já tinha escrito sobre Juliana neste espaço. Mas estava mal informado. Deixei-me confundir pelos escribas locais que no fim do século XIX princípio do XX se preocuparam em enaltecer as ideias da época à custa da memória desta mulher notável.
Enfim, “MEA CULPA”, na parte que me toca.O livro está pronto, acabou a viagem, mas eu estou disposto a retomá-la de novo com os que me quiserem acompanhar porque já começo a ter saudade da “minha Juliana”.
Desta casa saiu Juliana há mais de duzentos anos para a sua grande viagem. Vai lá voltar, no dia 12 de Abril, para o lançamento do livro.

Friday, March 09, 2012

AGRADECIMENTO
A publicação de "O Último Távora" na Rússia só foi possível devido ao desinteressado empenho da minha amiga Svetlana Mrochkovskoy-Balashova -Светланы Мрочковской-Балашовой - investigadora que se tem dedicado ao estudo da vida e morte de Puchkin.
Conheci-a através da internet quando fazia pesquisa para o meu próximo livro "Juliana, Condessa Stroganoff" (de que começarei a falar na próxima semana). Svetlana publicou o diário de uma senhora de S. Petersburgo, Dar'ja Fedorovna Fiquelmont, amiga de Puchkin, que retrata a sociedade Russa de 1829 a 1837, e que por isso muito me interessava. Eu já tinha conseguido a primeira parte, na lingua original, o francês. Mas a segunda teve de ser mesmo pelo livro da Svetlana, em Russo puro e duro que desbravei com a ajuda de uma senhora que trabalha em casa de minha irmã (!), a Angela.
Aqui vai a imagem do livro que sugere efectivamente  a capa de um diário romântico.


No seguimento dos nossos contactos Svetlana Mrochkovskoy-Balashova publicou, na revista Negócios Estrangeiros nº 18, um interessante artigo sobre Rafael da Cruz Guerreiro, diplomata .português residente em S. Petersburgo que chorou a morte de Puchkin

Wednesday, March 07, 2012

O ÚLTIMO TÀVORA - ПОСЛЕДНИЙ ИЗ РОДА ТАВОРА
Acaba de chegar o meu primeiro exemplar da tradução em Russo. Agora tenho dois livros na mão e outro .... a voar.Mas esse vai pousar lá para o fim deste mês. Já falta pouco!

Friday, February 17, 2012

Минувшее - Um quebra cabeças Este é o nome da minha editora na Rússia escrito em caracteres cirílicos. Escrito à nossa maneira será MINUVSHEE e quer dizer o passado. Quem quizer lá ir pode fazê-lo aqui e para tentar perceber melhor (?) aprenda um pouco de cirílico.

Wednesday, February 15, 2012

VIAGENS À RÚSSIA
O meu blog esteve parado muito tempo, e estou envergonhado. Foram dois anos em que passei a investigar e depois a escrever o próximo livro. Tive um certo stress e a verdade é que não me apetecia escrever no blogue enquanto não tivesse terminado de escrever o “resto”. Esse “resto” agora está acabado e sai em Março e já dentro de dias falarei do próximo livro. Também será uma viagem à Rússia, mas hoje falo em viagens. Mas porquê “Viagens à Rússia”? Já lá tinha ido. Quem leu “O Último Távora” sabe que a narrativa termina na Rússia ou melhor na retirada da Rússia. Foi como se tivesse ido lá acompanhando o Marquês de Alorna. Ele em 1812. Eu duzentos anos depois. Meti-me na sua pele. Com a Grande Armée napoleónica no primeiro avanço imparável a caminho de Moscovo e depois na terrível retirada, segui como que a seu lado. Atravessámos o Berezina antes da destruição das pontes. Percorremos as estradas geladas cheias de cadáveres, arrastámo-nos até Konigsberg … Agora voltámos à Russia! Porque ele como personagem e eu como autor, vamos ser publicados em Moscovo. Da outra viagem falarei de aqui a dias.