A porta de Almeida onde Alorna estaria em Setembro de 1810
As relações de amizade entre o Marquês de Alorna e o Coronel Lecor foram referidas em "O Último Távora". Na altura em que escrevi não tive acesso integral a uma fonte muito importante: os "Wellington Dispatches" que agora estão disponíveis na Internet.
Nas Páginas 391 e 392 vem transcrita uma carta de Wellington para Hill em 8 de Setembro de 1810, através da qual se depreende que o Coronel Lecor pediu autorização para se encontrar com o seu antigo comandante e amigo Alorna. A resposta de Wellington foi negativa. Qual seria o resultado se tal encontro se tivesse concretizado?
1 comment:
Caro José Norton,
A carta de Wellington a Lecor que refere mostra, ainda que indirectamente, a forte amizade entre Alorna e Lecor. Uma amizade ancorada em quase uma década de trabalho em conjunto, na Legião de Tropas Ligeiras e no Governo d'Armas do Alentejo. Infelizmente, as decisões políticas de cada um por alturas da Páscoa de 1808 separou-os.
Creio que Lecor queria, em 1810, convencer Alorna a retornar ao serviço português, ao renovado Exército Português. Isso não me indica só a carta de Wellington, mas fundamentalmente as Memória do 5.º Marquês de Fronteira que refere as tentativas, em 1808, de Lecor e Bocaciari de convencerem Alorna a fugir com eles para Inglaterra (e depois o Brasil). Ainda que os dois ajudante d'Ordens actuassem muito a pedido do Núncio Apostólico, Lecor tinha um óbvio genuíno interesse em que Alorna fosse com eles.
Nesse sentido, o diálogo no seu livro entre Lecor e Alorna seria talvez o que acontecesse em Almeida, sob talvez uma maior pressão, mas com o objectivo de convencer Alorna a regressar.
A própria actuação do Marquês em Almeida e durante toda a 3.ª Invasão foi uma de influenciar Massena politicamente a favor de Portugal, o que acaba por criar problemas com Ney e outros generais de Massena, para além das tricas internas com Pamplona.
Infelizmente, não li ainda a carta de Lecor a Wellington que motivou a carta do segundo que está publicada. essa carta poderia dar-nos uma mais exacta percepção do estado de espírito de Lecor, mas é de acreditar que haveria neste um desejo de apelar a Alorna, o amigo e comandante, que tomasse de novo o seu lugar devido em Portugal.
Infelizmente, não só Wellington proíbe até porque era prática comum no Exército Aliado, mas porque semanas depois Alorna é despido de todos os seus títulos, declarado traidor e condenado à morte (e queimado em éfigie).
Um abraço,
Jorge Quinta-Nova
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