Há medo legítimo e ilegitimo. Justificado ou fruto de desarranjo das cabeças. Sem estar em estado crítico, a pedir psiquiatra, eu por exemplo, numa casa antiga tenho medo dos fantasmas que lá andam.
Pode fazer-nos correr ou ficar paralisados, colados ao chão.
Há medo honroso: além de ser justificado, faz-se-lhe frente. Esse leva-nos a apreciar até os nossos inimigos ou adversários.
Não gosto muito de comunistas e muito menos de alguns ex comunistas (será que nunca o foram ou ainda o são?). Mas tenho de reconhecer que no tempo da PIDE havia comunistas valentes. Porque a repressão era sobretudo contra eles, ainda que sobrasse qualquer coisa para quem fosse preciso. Então havia medo, um medo que paralisava este país, país que agora é todo ele de valentes. O medo então era justificado. Tinha a ver com dor, física e moral, com mortes que as houve e vidas estragadas.
Vem a conversa a propósito de um artigo que li hoje no jornal, sem grande interesse, mas cheio de passagens “intelectualmente correctas” e talvez já nem me lembro, também “politicamente correctas”: elogios para esta e não para aquele porque uma é mulher do que lhe dá trabalho e o outro também tem alguma influência portanto vai uma no cravo outra na ferradura, fica tudo contente, são todos cá dos nossos, por aí fora.
Esta história do correcto que é, senão uma auto censura ou um dirigismo cultural auto inflingindo.
É no fim de contas medo. Medo mesquinho, pequenino, gorduroso.
O medo que eu tenho de contar a história com nomes e tudo. Talvez um dia o perca.
1 comment:
Não tenha medo! Eu às vezes não digo coisas no meu blog porque pode ser má educação para quem ler, mas que Portugal se liberte desse medo que só contribui para a inércia em que vive neste momento.
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