“Entre os mais notáveis núcleos de azulejaria que se conservam em Lisboa,
destaca-se aquele que enriquece o antigo palácio dos Saldanhas, à Junqueira”.
Assim o disse João Miguel dos Santos Simões (1907-1972), especialista e
primeiro director do Museu do Azulejo num estudo que publicou na Revista e
Boletim da Academia Nacional de Belas Artes, 2ª série, nº 1, de 1948.
Durante muitos anos esses azulejos cairam no esquecimento nacional e
foram mais conhecidos na Holanda do que dentro das nossas fronteiras.
Graças à actual Direcção do Arquivo Histórico Ultramarino, que se
encontra instalado naquele palácio, são agora mais conhecidos.
Trata-se de azulejos provenientes de Delft na Holanda, pintados à volta
de 1715 por um artista famoso, Cornelis Boumeester. Cada um representa uma
cidade europeia de grande importância comercial, naquela época: Londres,
Roterdão, Antuérpia, Midelburgo, Hamburgo, Colónia, Veneza e finalmente uma, da
qual muitos na Europa de hoje nem querem ouvir falar, Constantinopla.
No mundo, em museus, mãos particulares e no palácio de Rambouillet
existem não mais de vinte cinco painéis de Boumeester. Nenhum com vistas de
cidades como os da Junqueira!
O nível artístico é superior e o rigor e fidelidade da reprodução dos
edifícios, baseada em gravuras raríssimas do século XVII, transformam estes
painéis em testemunhos iconográficos e históricos de um valor incalculável.
É na sala onde se encontram, o salão Pompeia, nome que alude aos frescos
a imitar pinturas murais daquela cidade do Vesúvio, que decorrerá o lançamento
do livro “Juliana, Condessa Stroganoff”. A escolha deve-se ao facto de ela ali
ter vivido os tempos que antecederam a sua saída de Portugal.
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